Baseado nos assuntos estudados em Cultura do RN foi estudado o ilustre curraisnovense José Bezerra Gomes, onde aproveitando a oportunidade, os alunos dos 5º anos da Escola de Nossa Senhora foram fazer uma visita à Fundação. Os alunos conheceram um pouco mais sobre ele com a belíssima explicação da funcionária Rosy da Fundação que explicou bastante e recitou algumas poesias prendendo a atenção dos alunos.
JOSÉ BEZERRA GOMES
Filho de uma rica e tradicional família seridoense, José Bezerra Gomes nasceu herdeiro de coronéis. O Capitão-Mor Cipriano Lopes Galvão, fundador da cidade de Currais Novos, é o seu ancestral mais ilustre. O enlace matrimonial de Napoleão Bezerra de Araújo Galvão e Venerando Bezerra de Melo veio fortalecer a hegemonia econômica das famílias Araújo Galvão e Gomes de Melo Lula. Dessa união surgiram três varões: Napoleão Bezerra Júnior (Poti), José Bezerra Gomes e Osvaldo Bezerra de Araújo Melo.
Foi na década de 30 que a família do Coronel Napoleão Bezerra transferiu-se para Minas Gerais. Nessa época, Gomes havia feito o Curso Primário ainda em sua cidade natal, no Grupo Escolar Capitão-Mor Galvão (1920-1925) e o Curso Ginasial no Ateneu norte-rio-grandense (1926-1930), em Natal.
José Bezerra Gomes foi um dos 150 formandos da turma de 1936 do Curso de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Segundo Cortez Pereira, ele era um homem desconfiado e triste. Manoel Onofre Júnior em Ficcionistas do Rio Grande do Norte (1995), num pequeno relato, faz um retrato que revela um pouco da personalidade de José Bezerra Gomes: “...homem baixo, troncudo, de cabeça arredondada com uma imensa careca. Moreno e cerimonioso, tinha nos lábios finos, permanentemente um meio sorriso irônico. Sempre curvado sobre seu próprio corpo, como se carregasse o mundo às suas costas. Em sua própria cidade natal, Currais Novos, ele encontrou a solidão e muita discriminação pelo seu comportamento incomum. O doido de Dona Venera, como era chamado, conforme o relato de Cortez Pereira, recusava-se a falar sobre dois assuntos: o seu livro de estréia, Os Brutos, e a sua filosofia política. Isso porque Os Brutos foi um escândalo, chocou a população de Currais Novos, uma das mais conservadoras do Estado do Rio Grande do Norte, na opinião de Cortez Pereira. De repente, Gomes abriu as portas dos currais e, ainda que na ficção literária, ele expôs as contradições sociais e os dramas humanos desenvolvidos numa trama que teve como palco aquela pequena cidade. Acusado de pertencera corrente comunista, tanto ele quanto a sua obra foram sentenciados ao isolamento. As pessoas não falavam com ele e não queriam serem vistas com seu livro nas mãos.
Enquanto parlamentar da Câmara dos Vereadores da cidade de Currais Novos e defensor da preservação da cultura local, José Bezerra Gomes elaborou um projeto que criava um arquivo geral viabilizado através de uma Diretoria de Documentação e Cultura. Como dado histórico, Currais Novos foi a primeira cidade do Rio Grande do Norte a possuir uma secretaria específica para esse fim. Tal projeto previa a criação de um teatro municipal, biblioteca, cinema educativo e radio difusão de fomento ao turismo e amparo aos folguedos tradicionais.
Numa quarta-feira, 26 de maio de 1982, José Bezerra Gomes morreu em Natal. Durante os seus últimos anos ele viveu isolado. Os muitos amigos foram se afastando aos poucos restando somente a incansável presença de sua mãe.