O professor titular e diretor do departamento de metodologia do ensino e educação comparada da Faculdade de Educação da USP, Nilson José Machado, defende as idéias de que projeto é lançar-se para o futuro, com orientação. É a busca pelo que se pretende ser e conhecer. É acreditar que o destino escolar dos estudantes está ligado à capacidade deles de estabelecer projetos e de criar interrogações, expectativas e interesses para lançarem-se sobre eles.
Para Nilson José Machado, há uma banalização do uso da palavra projeto na escola. “Todo trabalho se chama projeto, mas nem tudo são realmente projetos. Alguns são trabalhos. Um curso de capacitação, por exemplo, é um trabalho não um projeto. A essência do projeto é a incerteza de sua realização.”
Machado diz que cada aluno precisa ter uma pergunta, uma dúvida, coisas que pedem discussão, pesquisa e geram incerteza e, conseqüentemente, interesse. “O que acontece é que os alunos são surpreendentes quando são estimulados à dúvida e à pergunta. Surgem questões admiráveis.”
Para o professor, os projetos são uma ferramenta pedagógica a mais e não substituem a aula no seu sentido mais tradicional.
De acordo com o professor Nilson José Machado, na USP ocorre todo ano uma tragédia educacional. “São 100 mil alunos que disputam 8 mil vagas. Dos 8 mil que ingressam nos cursos superiores, só 5 mil se formam. Os outros trocam de curso, desviam, desistem, ou levam 8 ou 9 anos para concluir cursos que duram 4, 5 anos.”
“As escolas deveriam parar de propagandear quantos alunos colocam na faculdade, para mostrar quantos deles se formaram. Aí sim estarão mostrando que realmente prepararam bem os estudantes. Uma escola precisa ser avaliada pela formação que dá e não por quantos estudantes coloca no curso superior.”
Portanto, deveria haver sempre o desenvolvimento de projetos, naquele sentido do aluno, da criança, do adolescente, projetar-se para frente, para o futuro, com uma meta a ser alcançada, com uma dúvida a ser respondida, com busca de conhecimento. Proporcionando o desenvolvimento de projetos reais e substanciais para o futuro do aluno, preparando-o inclusive para seus projetos de vida.
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