domingo, 18 de setembro de 2011

AUTO DA COMPADECIDA - Ariano Suassuna

          No dia 15/09, a aluna Alana deu continuidade ao seminário do 9º ano com a obra de Ariano Suassuna, Auto da Compadecida. Na ocasião, ela expos a biografia dele e fez a contação do livro - teatro.
Alana utilizou alguns recursos como: slid, e uma tela onde explicou detalhadamente o que fez prendendo assim a atenção dos alunos, uma vez que a turma já havia assistido ao filme.
          Veja abaixo um pequeno resumo da vida e obra de Suassuna.

          Ariano Suassuna nasceu em João Pessoa, PB, 1927. No ano seguinte ao seu nascimento, seu pai, João Suassuna deixa o governo da Paraíba e a família passa a morar no sertão, na Fazenda Acauan. Em Taperoá, AS faz seus primeiros estudos e assiste pela primeira vez a uma peça de mamulengos e a um desafio de viola, cujo caráter de improvisação seria uma das marcas registradas também de sua produção teatral.

          O texto teatral é uma forma cultural, diferente de outras formas culturais que têm no texto seu veículo de comunicação. Uma peça teatral, portanto, não é a mesma coisa que um romance, um conto ou um poema, esse últimos indicativos de outra forma cultural, a Literatura.

           Auto da Compadecida apresenta os seguintes elementos que permitem a identificação de sua participação num determinado estilo de época da evolução cultural brasileira: o texto propõe-se como um auto. Dentro da tradição da cultura de língua portuguesa, o auto é uma modalidade do teatro medieval, cujo assunto é basicamente religioso. Assim o entendeu Paula Vicente, filha de Gil Vicente, quando publicou os textos de seu pai, no século XVI, ordenando-os principalmente em termos de autos e farsas. A obra mostra a tradição religiosa e a popular, sobretudo ressaltando o ambiente as crendices do povo, e assim situando-se na melhor tradição brasileira.

          Chicó é visto como uma pessoa sem confiança porque mente, inventa histórias nas quais é difícil de acreditar. É lógico que se tem de associar o contar história de Chicó com o costume popular nordestino.

          Ariano Suassuna incorpora muito bem essa cultura no seu texto. Assim, Chicó é inventivo, mentiroso, gosta de falar contando vantagens. Já o major identifica uma característica social típica do Nordeste porque o titulo de major ou coronel é uma forma popular utilizada lá para fazer referência, mostrar-se subordinado a alguém poderoso.

          Quanto à linguagem, percebe-se o uso de expressões coloquiais ao longo do texto: nas falas, há certas ambiguidades que provocam humor e ironia.

          Entre as diversas partes cômicas do texto, há, ao final do texto, uma em que Chicó, João Grilo e o padre João discutem a legitimidade de benzer um cachorro. Sabe-se que entre eles, o que possui a voz credenciada no presente debate é o padre, já que, como sacerdote, cabe-lhe por ofício intermediar as relações entre os homens, suas criaturas e Deus. Levando-se em conta as opiniões que circulam durante a discussão, a do padre é contrária a benzer o cachorro, baseando-se na estranheza do fato. Chicó e João Grilo são favoráveis a benzer o cachorro e argumentam justamente o contrário do padre, isto é, a afirmação de que não é estranho benzer motor. Na conversa, João Grilo apela para uma relação de equivalência como argumento para persuadir o padre a benzer o cachorro. O padre apela para o contra-argumento de que não há equivalência entre motor e cachorro. Pode-se dizer que, insidiosamente, João Grilo antecipa o argumento autoridade que vai ser usado posteriormente para desmascarar a segurança do padre ao dialogar com ele. Esse argumento consiste na alusão à autoridade do major Antônio de Morais, que, logo a seguir, será anunciado como dono também do cachorro. Até determinado momento, todas as pistas do debate indiciam um padre que dá mostras de estar emitindo opiniões baseadas em sua convicção, o que nos leva a depreender sua autonomia em relação às suas idéias. Numa outra intervenção, João Grilo apela de maneira explícita para um argumento de autoridade: a autoridade do major Antônio Morais. O padre, diante do argumento de João Grilo, reage com embaraço e pede que João Grilo confirme o que acabou de dizer, fazendo duas perguntas seguidas para comprovar o que acabou de ouvir.

          Ao proceder assim, de maneira evidente, o padre nega a sua autonomia, na medida em que passou a preocupar-se com o fato de o cachorro pertencer ao major Antônio Morais.

          Na penúltima fala de João Grilo, ele revela que não queria mas veio por pura submissão ao major, pois sabia que o padre ia zangar- se. O padre, na verdade, desfez-se em sorrisos e, mais uma vez, afirma sua total submissão ao major, sobretudo quando nega sua opinião ao dizer:

          Em sua estrutura fundamental, o texto opera com dois conceitos opostos: autonomia x submissão. Sem dúvida a submissão, que é apresentada no texto como uma opção sem fundamento racional é contrária do debate estabelecido entre os personagens, é avaliada como pólo negativo.

          Confrontando essa passagem do crítico com a passagem citada, podemos afirmar que os padres que se conduzem por uma fé verdadeira não procederiam com procedeu o padre naquela passagem.

          O Auto da compadecida pertence ao gênero dramático. É contemporâneo, pois relaciona-se com o Nordeste, faz referência a escritura social nordestina: o autor mostra completamente envolvido com a realidade de sua época, criticando problemas sociais como a falta de virtudes, a preocupação com a aparência e dinheiro, as diferenças sociais determinando a ação dos religiosos, além de criticar, é claro, a prática da simonia.

          Ao conjunto da obra de AS, entrelaçam-se o folclórico , o cordel, o mamulengo e a tradição ibérico-sertanejo, no dizer se Silvano Santiago, e deixa de ser apenas um auto para ser uma odisséia de João Grilo e Chicó na terra brasilis.








Um comentário:

Mariles Andréa disse...

Apesar da timidez, Alana apresentou divinamente!!!